quarta-feira, 18 de maio de 2011

Palestra: “Cultura Política e Questões Raciais”

                     


♪♫ Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo ... ♪♫ 
        (Metamorfose Ambulante – Raul Seixas)

Inicio esse registro com tamanho sentimento, expresso apenas nesse trecho inicial da citada música. A palestra inicia-se com a argumentação de um professor da disciplina de IES que defende a importância da mesma na universidade e mais, expõe de forma muito autêntica o quanto é reduzido o acesso de jovens as universidades de qualidade, onde ele afirma que fazemos parte de uma “elite” e como tal devemos ter em mente a importância do nosso papel como jovens acadêmicos na sociedade e como parte integrante daqueles diferenciados propícios a fazerem a diferença. 
Posteriores ao discurso do professor foram apresentadas duas paródias com temáticas bem interessantes. Inicialmente tivemos os impasses de quem tem computador no mundo globalizado e as dificuldades sistemáticas apresentadas pelo mesmo, após apresentou-se o dilema de um jovem na escolha de um curso universitários passando por alguns testes como pré-vestibular, teste vocacional sem êxito, por fim consegue uma bolsa de estudos na UCB, todas historias simples, mas que traz uma informação empírica que possibilita debates saudáveis.
Chegamos assim ao centro de nossas discussões com o professor Carlos Alberto com o tema central “Racismo e relações raciais no Brasil” com enfoque na juventude, direitos humanos  e verdade.Muito descontraído o professor comenta sobre a animação do grupo, característica marcante da juventude, onde afirma: “Não se pode construir conhecimento sem animação”, o mundo e a sociedade são jovens, logo como objetivos temos que buscar sempre a transformação, cada grupo a sua maneira mas que a mudança seja algo benéfico ao conjunto. Como já dizia a musica de Raul Seixas “Eu quero dizer agora, o oposto do que eu disse antes” na sociedade contemporânea tudo está em constante transformação o mundo e as relações estão extremamente aceleradas, logo não podemos ter uma “velha opinião formada sobre tudo”, uma visão de mundo único e unilateral, o jovem é composto de musica, poesia e rebeldia sendo assim aceitar idéias pré-postas não devem ser características dessa geração tão aberta a novidades.
Mas infelizmente ainda existem as “velhas opiniões”, os chamados tabus temas que elegemos e que em sua maioria não estamos dispostos a discutir. Dentre estes citemos o racismo, a discriminação étnica. Na universidade exigem-se métodos e análises, logo não podemos chegar apenas com os nossos preconceitos, nesse ambiente lidamos com conceitos estudados e abertos aos mais variados tipo de debates.
Dados apresentados pelo professor tendo como fonte a ultima pesquisa do IBGE aponta que a miséria tem localização, idade e cor (nordestinos,  jovens até 19 anos e pardos/negros). Infelizmente ainda temos dados como esses que nos fazem retomar antigas discussões sobre “que país é esse?”. Se não bastasse tanta desigualdade social temos também como consequência direta a discriminação, os preconceitos todos apresentados de forma muito sútil, pois o racismo no Brasil apresenta 3 características básicas: é sutil, velado e ambíguo, o que faz com que as pessoas o aceite de forma natural e normal. Nossas relações são pautadas por interesses próprios, como se o outro não tivesse humanidade. Nossa sociedade cada vez mais se estratifica, mas com toda sutiliza para que todos permaneçam na “ordem” sem provocar grandes alvoroços.
Quando falamos de favela, adjetivos como favelados, pretos, pobres são automaticamente ligados a referida palavra. Nas academias de policia até algum tempo tínhamos o chamado o individuo suspeito, o tipo padrão e como ele é ? Favelado, preto e pobre.
Outra questão diferencial que se pode perceber no decorrer da palestra foram algumas risadas quando tratava-se de assuntos de uma imensa complexidade. Afirma-se que quer fazer as pessoas rirem escancare os problemas da sociedade tratados como tabus. Exemplo disso quando o professor falou que antes “bonecos pretos só se fosse de vudu”, por traz da enxurrada de risadas temos uma questão gravíssima que em nenhum momento apresenta de forma cômica para aqueles que sofrem de tal discriminação.
Só vai haver mudança se a nova geração assumir o compromisso de alterar o estado atual das coisas. O mundo é maravilhoso em sua diversidade. Temos uma lei normativa que regula as atitudes discriminatórias, mas a lei em si não muda a mentalidade das pessoas temos que enxergar que dado é diferente de informação que por sua vez é diferente de conhecimento, precisamos mudar o foco e o olhar, pois imagens falam de idéias que por sua vez podem ser discutidas e definem comportamentos.
Sendo assim é necessário inicialmente admitir que não vivemos em uma democracia étnica, que o racismo existe e apresenta-se das mais variadas formas possíveis. Devemos olhar para o lado e romper com esse individualismo medíocre, enxergarmos que o nosso sucesso depende também do sucesso da coletividade.

Ana Cristina da C. Santos

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