O capítulo 2 aborda o processo da investigação científica partindo de que a definição não é o início do conhecimento e sim o fim. Pois, para chegar a uma conclusão é necessário uma série de processos investigativos, de observação, experimentação e por fim a conclusão.Sempre diferenciando o olhar subjetivo do objetivo para que tal crítica chegue a ser uma definição científica.
“Primeiro, se afirma uma tese, isto é como a realidade se apresenta [...] depois uma antítese, ou seja, a negação da tese, negação que é provada pela aparição de outros pontos de vista [...] enfim uma síntese uma nova maneira de ver [...] não sendo esta uma visão absoluta das coisas.”
Este trecho descreve o processo da construção dos métodos e conhecimentos científicos. Tudo parte de uma tese (teoria) da realidade onde observa-se o que existe, não de forma fixa, mas utilizando conhecimentos prévios para fundamentação da afirmação. O segundo processo é a negação onde inicialmente questiona-se a tese para que se apresente certa legitimidade (tanto cientifica, quanto social) para dar continuidade à investigação. Por fim cita-se a síntese uma conclusão de todo o processo onde se apresenta as conclusões, não tomando tal como verdade absoluta, mas sendo um argumento bem, fundamentado.
Todo conhecimento cientifico parte do real (“lembrando o texto “realidade”, a mesma apresenta-se de forma muito relativa”), não restringindo a realidade palpável e sim aquela que é “aceita” na sociedade e no meio científico. É essencial que a fundamentação das ciências sejam baseada no real, pois a mesma tem como base a visão objetiva, direcionada a comprovação do apresentado real.
“Digo que é um fato se considero que é algo indiscutível, que ninguém pelo menos até agora, o coloca em questão.”
Para chegar-se a conclusão “fato” analise-se inicialmente uma interpretação teórica particular, posteriormente é necessário todos os processos de investigação. O fato é um “modelo de interpretação”. Sempre se apoiando na comprovação e legitimação do meio cientifico para que seja bem aceito. Mas tal definição não é fixa com a passar nos anos com novas investigações pode acontecer uma variação ou ate mesma derrubada de tal definição.
“Se tenho um giz verde [...], considero-o como vermelho porque sou daltônico [...] minha interpretação é subjetiva. [...] Todavia, se falo de um giz verde, utilizando as noções de giz e de verde e várias outras [...] minha observação é objetiva.”
Todo observação e interpretação partem de um pressuposto do sujeito. A mesma apresenta algumas variações prescindíveis para uma síntese (conclusão) satisfatória. A interpretação subjetiva parte do individuo único, suas percepções particulares e ate mesmo certos vícios e verdades absolutas intrínsecas que influenciam conceitos próprios, muitas vezes com pouca fundamentação. Já a interpretação objetiva baseia-se em uma analise fundamentada em conceitos pré-determinados provindos de certas convenções transitadas na analise e desenvolvimento do método.
A ciência não parte nem do início, nem do fim e sim dos meios. Quando falamos de não parti do inicio fundamenta-se em que o início não é possível defini-lo com precisão sempre existe algo anterior a aquele ponto de partida. Não parte-se do fim porque ele é a conclusão de uma série de procedimentos anteriores. Parte-se dos meios utilizados a chegar a síntese. Toda a argumentação fundamenta-se de um longo processo de investigação que terá como objetivo o alcance da síntese bem desenvolvida e aceita do meio social e cientifico.
“Se as observações contêm sempre elementos de interpretação e de teorias, não se vê como se poderia partir de uma observação que seria “o ponto de partida indiscutível da ciência”[...] Chega-se portanto sempre tarde demais para descobrir o primeiro ponto de partida.”
Um exemplo claro para esse trecho seria o estudo da criação do universo, quando os cientistas descobrem algo, logo percebem que então longe de encontrar o ponto de partida de tal fenômeno.
“ Os cientistas, por conseguinte, não são indivíduos observando o mundo com base em nada; são os participantes de um universo cultural e linguístico no qual inserem os seus projetos individuais e coletivos” ( Prigogine & Stengers, 1980)
Esse trecho nos mostra que o cientista, diferentemente do que pensamos, ele está inserido nos contextos sociais, políticos etc. Pois, ele necessita dessa sensibilidade para que, a partir daí possa criar definições técnicas. Em outras palavras, a observação científica nunca é passiva, precisa de uma organização da visão, seguida de uma interpretação em termos teóricos pré-adquiridos, para que passe a ser um projeto.
“Temos com freqüência a impressão de que o que nós observamos é verdadeiramente o real. O sentimento de realidade é um sentimento subjetivo e afetivo que faz com que tenhamos confiança no mundo tal como vemos.”
A realidade é algo individual, depende do mundo em que cada um está inserido, por exemplo, um bebê enxerga como realidade a realidade de seus pais, pois é aquele mundo que ele vive. Devemos lembrar também que os cientistas possuem com freqüência a impressão de ver o real, a realidade científica, e como a grande parte da população não enxerga da mesma forma eles ficam com o sentimento de irrealidade, muitas vezes nem crendo em suas observações e acabam desistindo da pesquisa.
“ A importância dessa revolução copernicana é de legitimar a visão da ciência que a apresenta como um processo absoluto e de modo algum histórico. Psicologicamente, essa mudança de perspectiva é difícil, pois essa idéia da subjetividade como construção-criação implica uma errância, a renúncia à certeza de um já-la à espera da descoberta”( Benasayag, 1986, p. 42-4).
Esse trecho discute a questão que o povo em geral está acostumado a aceitar a ciência como verdade absoluta, sem antes contestar pelo medo de ser em vão, receosos de encontrarem o mesmo resultado e de nada adiantar suas pesquisas. Lembrando a bravura de Copérnico em ir contra a ciência da época - a igreja católica - e descobrir que o sol está parado e o restante dos planetas que giram ao seu redor. Tal fato ressalta a necessidade da investigação e da contestação da ciência por todos.
Ana Cristina da C. Santos e Ana Caroline A. Veloso
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