quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fichamento do Livro A Construção das Ciências – Introdução à filosofia e a ética das ciências - FOUREZ, Gérard

                                       



O capítulo 2 aborda o processo da investigação científica partindo de que a definição não é o início do conhecimento e sim o fim. Pois, para chegar a  uma conclusão é necessário uma série de processos investigativos, de observação, experimentação e por fim a conclusão.Sempre diferenciando o olhar subjetivo do objetivo para que tal crítica chegue a ser uma definição científica.
“Primeiro, se afirma uma tese, isto é como a realidade se apresenta [...] depois uma antítese, ou seja, a negação da tese, negação que é provada pela aparição de outros  pontos de vista [...] enfim uma síntese uma nova maneira de ver [...] não sendo esta uma visão absoluta das coisas.”
Este trecho descreve o processo da construção dos métodos e conhecimentos científicos. Tudo parte de uma tese (teoria) da realidade onde observa-se o que existe, não de forma fixa, mas utilizando conhecimentos prévios para fundamentação da afirmação. O segundo processo é a negação onde inicialmente questiona-se a tese para que se apresente certa legitimidade (tanto cientifica, quanto social) para dar continuidade à investigação. Por fim cita-se a síntese uma conclusão de todo o processo onde se apresenta as conclusões, não tomando tal como verdade absoluta, mas sendo um argumento bem, fundamentado.
  “As ciências partem de uma observação fiel da realidade.”
Todo conhecimento cientifico parte do real (“lembrando o texto “realidade”, a mesma apresenta-se de forma muito relativa”), não restringindo a realidade palpável e sim aquela que é “aceita” na sociedade e no meio científico. É essencial que a fundamentação das ciências sejam baseada no real, pois a mesma tem como base a visão objetiva, direcionada a comprovação do apresentado real.
“Digo que é um fato se considero que é algo indiscutível, que ninguém pelo menos até agora, o coloca em questão.”
Para chegar-se a conclusão “fato” analise-se inicialmente uma interpretação teórica particular, posteriormente é necessário todos os processos de investigação. O fato é um “modelo de interpretação”. Sempre se apoiando na comprovação e legitimação do meio cientifico para que seja bem aceito. Mas tal definição não é fixa com a passar nos anos com novas investigações pode acontecer uma variação ou ate mesma derrubada de tal definição.
“Se tenho um giz verde [...], considero-o como vermelho porque sou daltônico [...] minha interpretação é subjetiva. [...] Todavia, se falo de um giz verde, utilizando as noções de giz e de verde e várias outras [...] minha observação é objetiva.”
Todo observação e interpretação partem de um pressuposto do sujeito. A mesma apresenta algumas variações prescindíveis para uma síntese (conclusão) satisfatória. A interpretação subjetiva parte do individuo único, suas percepções particulares e ate mesmo certos vícios e verdades absolutas intrínsecas que influenciam conceitos próprios, muitas vezes com pouca fundamentação. Já a interpretação objetiva baseia-se em uma analise fundamentada em conceitos pré-determinados provindos de certas convenções transitadas na analise e desenvolvimento do método.
 “Não imagino nada a respeito do real ultimo.”
A ciência não parte nem do início, nem do fim e sim dos meios. Quando falamos de não parti do inicio fundamenta-se em que o início não é possível defini-lo com precisão sempre existe algo anterior a aquele ponto de partida. Não parte-se do fim porque ele é a conclusão de uma série de procedimentos anteriores. Parte-se dos meios utilizados a chegar a síntese. Toda a argumentação fundamenta-se de um longo processo de investigação que terá como objetivo o alcance da síntese bem desenvolvida e aceita do meio social e cientifico.
“Se as observações contêm sempre elementos de interpretação e de teorias, não se vê como se  poderia partir de uma observação que seria “o ponto de partida indiscutível da ciência”[...] Chega-se portanto sempre tarde demais para descobrir o primeiro ponto de partida.”
Um exemplo claro para esse trecho seria o estudo da criação do universo, quando os cientistas descobrem algo, logo percebem que então longe de encontrar o ponto de partida de tal fenômeno.
“ Os cientistas, por conseguinte, não são indivíduos observando o mundo com base em nada; são os participantes de um universo cultural e linguístico no qual inserem os seus projetos individuais e coletivos” ( Prigogine & Stengers, 1980)
Esse trecho nos mostra que o cientista, diferentemente do que pensamos, ele está inserido nos contextos sociais, políticos etc. Pois, ele necessita dessa sensibilidade para que, a partir daí possa criar definições técnicas. Em outras palavras, a observação científica nunca é passiva, precisa de uma organização da visão, seguida de uma interpretação em termos teóricos pré-adquiridos, para que passe a ser um projeto.
“Temos  com freqüência a impressão de que o que nós observamos é verdadeiramente o real. O sentimento de realidade  é um sentimento subjetivo e afetivo que faz com que  tenhamos confiança no mundo tal como vemos.”
A realidade é algo individual, depende do mundo em que cada um está inserido, por exemplo, um bebê enxerga como realidade a realidade de seus pais, pois é aquele mundo que ele vive. Devemos lembrar também que os cientistas possuem com freqüência a impressão de ver o real, a realidade científica, e como a grande parte da população não enxerga da mesma forma eles ficam com o sentimento de irrealidade, muitas vezes nem crendo em suas observações e acabam desistindo da pesquisa.
“ A importância dessa revolução copernicana é de legitimar a visão da ciência que a apresenta como um processo absoluto e de modo algum histórico. Psicologicamente, essa mudança de perspectiva é difícil, pois essa idéia da subjetividade como construção-criação implica uma errância, a renúncia à certeza de um já-la à espera da descoberta”( Benasayag, 1986, p. 42-4).
Esse trecho discute a questão que o povo em geral está acostumado a aceitar a ciência como verdade absoluta, sem antes contestar pelo medo de ser em vão, receosos de encontrarem o mesmo resultado e de nada adiantar suas pesquisas. Lembrando a bravura de Copérnico em ir contra a ciência da época - a igreja católica - e descobrir que o sol está parado e o restante dos planetas que giram ao seu redor. Tal fato ressalta a necessidade da investigação e da contestação da ciência por todos.

Ana Cristina da C. Santos e Ana Caroline A. Veloso
 

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