quarta-feira, 18 de maio de 2011

Estudo de Caso "Luislinda Valois"

                            


Estudo de Caso
Dentro do âmbito jurídico na área do Direito, trazemos um exemplo de superação social e étnica  e que hoje é uma das mais renomadas desembargadoras do nosso país.
Luislinda Dias de Valois Santos,67 anos, filha de lavadeira e de um motorneiro de bonde. Nasceu em Salvador, morava na Av. Barros Reis. Sua infância foi extremamente pobre, cresceu aprendendo a superar obstáculos sócias e étnicos.Teve avô escravo, e logo na adolescência já tinha uma enorme responsabilidade de cuidar  dos irmãos menores devido a morte de sua mãe precocemente. Só se formando advogada aos 39 anos.
Foi no Colégio Duque de Caxias, na Liberdade, que ouviu a sentença de um ex-professor, irritado por causa de seu pobre material escolar: “Se não pode comprar é melhor parar de estudar e ir cozinhar feijoada na casa de branca”. A partir desse dia Luislinda decidiu qual profissão seguir, escolheu a magistratura para fazer a mínima diferença em um país com tantas injustiças e preconceitos.
Mãe do promotor de justiça Luis Fausto - que atua em Sergipe -, e avó de duas meninas, Luislinda diz que sempre falou para eles que ser negro é maravilhoso. Mas também que não era para deixar ninguém tomar conta deles. “Sou muito séria nas minhas posições. Não posso vacilar, afinal sou negra, pobre, vim da periferia, sou divorciada e ainda sou rastafári”, brinca.
Alem de ser a primeira juíza negra brasileira, Luislinda também foi a primeira a dar uma sentença tendo como base a Lei do Racismo. Luislinda é um exemplo vivo de pessoas que foram capazes de reconstruir a vida diante de uma situação adversa.
Alem de desembargadora, Luislinda também escreve. Lançou, em 2009, a obra O Negro no Século XXI, livro que convida o leitor a redescobrir a história dos afro-descententes no Brasil com o discernimento de quem conhece profundamente suas origens. Como muitos brasileiros, ela sentiu na pele o peso do racismo ainda jovem quando foi "aconselhada" por um professor a deixar de estudar para cozinhar feijoada na casa de brancos.
Em grito de protesto, a cada parte do livro, a autora pontua, de forma simples e direta, o processo histórico causador da desigualdade social e racial em nosso país. Dividido em 18 capítulos, a obra é um avocar para uma reflexão sobre o retorno que a sociedade tem dado ao povo negro, em vista de sua contribuição social, econômica e cultural, ao longo dos séculos.
“Cada negro letrado no Brasil tem a obrigação de sistematizar as suas próprias lembranças. A experiência de cada um é um trecho da realidade vivida”, Ubiratan.
Luislinda Dias Valois é também idealizadora dos Balcões de Justiça e Cidadania, do Juizado Itinerante Marítimo Baia de Todos os Santos e da Justiça Bairro a Bairro, criados com objetivo de facilitar o acesso da população carente aos serviços judiciários.

Ana Cristina da C. Santos

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