sábado, 10 de setembro de 2011

África: outros olhares, novas visões

TÍTULO: Análise Multidisciplinar sob a perspectiva étnica nas conexões África – Brasil
TEMA: A evolução histórico-social do preconceito, tendo a visão contemporânea como inicial na construção de um novo olhar, objetivando a ruptura de barreiras.

Direito – Cultura sobre a óptica como influenciadora na construção do preconceito
 A palavra cultura nos abre um leque imenso de analises e observações importantes para sua definição. A cultura de forma sintética pode ser entendia como uma ampla área do conhecimento que se preocupa com as experiências dos indivíduos em sociedade, suas observações de visões de mundo, costumes e hábitos desenvolvidos ao longo de todo o processo histórico e social.
Partindo dessa definição aprofundamos no sentido de buscarmos as influencias da cultura Africana/Brasileira na construção do preconceito contemporâneo. A cultura histórico-social desenvolvida ao longo de séculos nos leva a observar que a mesma tem influencia direta no desenvolvimento de uma espécie de classificação étnica nas sociedades em que houve uma intensa atividade escravista. Toda essa cultura de discriminação induziu no contexto das relações de poder e dominação que conseqüentemente levou-se a hierarquizar os indivíduos utilização de princípios biológicos extremamente equivocados.
No Brasil o que observamos é o desenvolvimento de uma cultura inicial de rompimento com a cultura do preconceito que assolou nosso país tendo como base teses descabidas impregnadas de preconceitos e ideologias. Hoje temos um preconceito mais sutil com notas distintivas bem pontuais como: sutil, velado e ambíguo. E essas características baseiam-se em uma cultura histórica desenvolvida nas conexões entre a África e o Brasil, onde sem duvidas teve contribuição direta no desenvolvimento desse fenômeno chamado racismo. As relações de estratificação social onde o escravo (negro e africano) era tido como objeto nas transações comerciais acabou por construir uma sociedade desigual onde mesmo não sendo escravo pelo fato de ser negro há atribui-se a esse individuo todas as características (negativas) da época da escravidão. A professora-doutora da USP Nilma Gomes em seu artigo “Cultura Negra e Educação” nos aponta que “formos educado pelo meio sociocultural a enxergar certas diferenças, as quais fazem parte de um sistema de representações construído socialmente por meio de tensos, conflitos, acordos e negociações sociais”.
Observamos com isso cada vez mais a influencia da cultura das sociedades na construção e desenvolvimento de idéias que nos apresentado de duas formas com escopos contrários. De um lado temos a cultura com a influência historico-social (forma negativa) em contraponto temos a cultura contemporânea que busca cada vez mais a ruptura dessas idéias pregadas pelos costumes anteriores e que demandam tempo para que a descaracterização do preconceito seja feita e novas idéias possam proliferar os pensamentos dos indivíduos.
Segundo Denys Cuche em “A noção de cultura nas ciências sociais” temos:
São as nossas escolhas, a forma como cada grupo cultural inventa soluções originais para os problemas que lhes são colocados pela vida em sociedade e ao longo do processo histórico. Essas escolhas não são simplesmente mecânicas e empíricas. Elas não estão relacionadas somente à adaptação ao meio, mas às disputas de poder entre grupos e povos. Nessas disputas as diferenças são inventadas, e através delas nos aproximamos de uns e tornamos outros inimigos, adversários, inferiores ou “violentos”. Nesse sentido, podemos compreender que as diferenças, mesmo aquelas que nos apresentam como as mais físicas, biológicas e visíveis a olho nu, são construídas, inventadas pela cultura. A natureza é interpretada pela cultura. Ao pensarmos dessa forma, entramos nos domínios do simbólico. É nesse campo que foram construídas as diferenças étnico/raciais. Romper com essa cultura de discriminação disseminada por séculos é um dos principais desafios da sociedade contemporâneo. O primeiro ponto a ser discutido sob a perspectiva desse novo cenário é aceitarmos que não vivemos em uma democracia racial, entendermos que o preconceito existe e é manifestado das mais variadas formas possíveis.

Ana Cristina da C. Santos 

Nenhum comentário:

Postar um comentário